Desafios e Avanços nas Finanças Descentralizadas: EIP-7702 e ERC-4626

Nos últimos anos, o mundo das finanças descentralizadas (DeFi) tem ganhado enorme destaque, oferecendo uma alternativa inovadora às finanças tradicionais. No entanto, à medida que a DeFi cresce, também surgem desafios significativos, como os crimes transfronteiriços que ameaçam a integridade desse ecossistema. Neste artigo, exploraremos as mudanças implementadas no Ethereum através do EIP-7702 e o impacto da nova norma ERC-4626, além dos riscos associados ao crime transfronteiriço na DeFi.

EIP-7702: A Revolução das Transações no Ethereum

O Ethereum, uma das plataformas mais influentes do mundo das criptomoedas, introduziu a proposta EIP-7702 durante a recente atualização do Pectra. Essa proposta foi desenvolvida para resolver vários problemas de experiência do usuário (UX) relacionados à utilização das wallets do EVM (Ethereum Virtual Machine). Em essência, a EIP-7702 apresenta um novo formato de transação – o **Tipo 4** – que permite que contas externamente controladas (EOAs) “emprestem” temporariamente a lógica de carteiras de contratos inteligentes. Isso significa que transações que antes exigiam várias etapas agora podem ser simplificadas, reduzindo a quantidade de cliques e aumentando a segurança.

O Problema das Múltiplas Transações

Antes da implementação do EIP-7702, o processo de interação com protocolos DeFi era frequentemente tedioso e sujeito a erros. Os usuários precisavam:

• Primeiro, aprovar um token para uso pelo protocolo,
• Em seguida, executar a transação real (deposição, troca, etc.).

Esse procedimento exigia múltiplos cliques de confirmação, verificação de detalhes de transação e o pagamento de taxas de gas para cada transação. Para evitar esse trabalho, muitos usuários optavam por aprovações de tokens ilimitadas, um risco significativo em termos de segurança, onde um comprometimento de protocolo poderia resultar na perda total dos fundos.

Como Funciona o EIP-7702

A EIP-7702 introduz o conceito de Smart EOAs, que combina características de contas convencionais e carteiras de contrato inteligente. Ao permitir que uma EOA delegue a execução de suas ações a um contrato designado, a proposta aumenta a funcionalidade sem a necessidade de os usuários migrar para um novo contrato.

Quando uma EOA envia uma transação do Tipo 4, ela especifica um contrato delegado e, a partir daí, o EVM trata as chamadas da EOA como se fossem chamadas à lógica desse contrato. Isso proporciona uma experiência mais fluida para o usuário e, essencialmente, transforma a EOA, permitindo que ela desempenhe funções mais complexas.

A ascensão do ERC-4626: A Nova Era das Carteiras On-Chain

Outra inovação significativa nas finanças descentralizadas é a norma ERC-4626. Esta norma padroniza a forma como as carteiras tokenizadas gerenciam ativos, simplificando operações como depósitos e saques. As carteiras ERC-4626 representam ações de um único token ERC-20, melhorando a integridade e aumentando a segurança em plataformas DeFi.

O Funcionamento do ERC-4626

As carteiras ERC-4626 devem implementar o padrão ERC-20, permitindo que as ações operem como tokens ERC-20 regulares. A principal característica do ERC-4626 é garantir um método padronizado para converter ativos em ações e vice-versa, garantindo assim um comportamento consistente entre diferentes implementações.

Vantagens do ERC-4626

O ERC-4626 oferece várias vantagens cruciais:

• Padronização: Fornece uma interface unificada para carteiras tokenizadas, o que reduz os esforços de integração.
• Flexibilidade: Suporta diversas aplicações DeFi, incluindo mercados de empréstimos e tokens geradores de rendimento.
• Eficiência: Reduz custos de desenvolvimento, eliminando a necessidade de adaptadores personalizados.
• Transparência: Garante um comportamento consistente e previsível, aumentando a confiança dos usuários.

A adoção do ERC-4626 promete transformar a forma como os ativos são geridos no espaço DeFi, oferecendo aos usuários experiências mais fluidas e seguras.

Desafios da Interoperabilidade Cross-Chain e Crimes na DeFi

Apesar dos avanços, a DeFi enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito aos crimes transfronteiriços. O uso de pontes cross-chain para lavar dinheiro e realizar atividades ilícitas é uma realidade alarmante. O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos emitiu alertas sobre os riscos emergentes associados a esses crimes, sugerindo que a segurança deve ser uma prioridade nas práticas DeFi.

O Lado Sombrio da DeFi: Crimes Transfronteiriços

Além do risco da aprovação excessiva de tokens, os protocolos DeFi enfrentam a crescente ameaça de rug pulls e ataques de flash loan. Rug pulls são esquemas fraudulentos em que desenvolvedores criam hype em torno de um novo token, apenas para desaparecer com os fundos investidos. Os ataques de flash loan, por sua vez, permitem que criminosos manipulem preços e explorem vulnerabilidades em contratos inteligentes.

Mitigando Riscos e Protegendo o Ecossistema DeFi

Para mitigar esses riscos, é essencial implementar práticas robustas de auditoria e segurança, além de desenvolver regulamentos abrangentes e plataformas de seguro descentralizado que protejam ativos e garantam um ambiente mais seguro. Ferramentas como a Merkle Science podem ser utilizadas para identificar e monitorar riscos em pools de liquidez, ajudando a manter a confiança na DeFi.

Conclusão

A evolução de EIP-7702 e ERC-4626 representa um marco significativo para as finanças descentralizadas, facilitando a experiência do usuário e protegendo ativos. No entanto, o combate a crimes transfronteiriços é crucial para a preservação da integridade do ecossistema DeFi. Com a adoção de medidas rigorosas de segurança e a promoção de um ambiente colaborativo entre reguladores, a DeFi pode continuar a crescer e inovar, oferecendo liberdade financeira e inclusão a usuários em todo o mundo.

Você acredita que as medidas sendo tomadas são adequadas para garantir a segurança dos usuários na DeFi? Compartilhe sua opinião nos comentários!